O que ontem era um grande pecado, hoje
já não é mais e amanhã pode voltar a ser de
novo.
Somente Deus sabe da
verdade absoluta e acho que ele nunca contou isso para ninguém. Mas
acredito que o homem pode descobrir suas "próprias
verdades" através de uma reflexão
interior profunda. Muitas vezes o que é bom para uns não é bom
para outros e vice-versa, por isso falo em "próprias verdades".
O assunto é bastante
complexo e exige anos e anos de estudos filosóficos , religiosos
e mesmo científicos ; para que verdadeiramente possamos descobrir
essa verdade interior, e conviver de forma
harmoniosa com ela.
Buda, Jesus Cristo,
foram grandes mestres e que causaram uma enorme mudança na humanidade.
Milhões e milhões de pessoas em todo o mundo seguem fielmente
seus ensinamentos e graças a isso certamente temos um mundo bem
melhor agora. Divergências sempre existirão. Isso faz parte da
natureza humana . O tema da "reencarnação" ou "vida
após a morte" por exemplo, causa sempre muitas discussões
entre religiosos e estudiosos.
Eu sempre meditei a
respeito desse tema , e cheguei na seguinte conclusão: "Todos
nós morreremos um dia e somente nesse momento saberemos a verdade
sobre isso" . Se existe um paraíso ou não ; se voltaremos
em outro corpo ou não, não há muita lógica em ficarmos com discussões
fúteis sobre coisas que ninguém sabe de fato como é. Aqui entra
a "grande verdade que só a Deus pertence". Devemos
sim, concentrar nossos esforços para que tenhamos um mundo e
um modo de vida cada vez melhor para todos.
Enfatizando o amor, a paz,
a igualdade e a justiça entre
os homens. O respeito pela natureza
e os seres que nela habitam.
(Professor
Gilmar Dantas)
O Buda e sua
obra
O termo "Buda" é um título, não um nome próprio. Significa "aquele
que sabe", ou "aquele que despertou", e se aplica a alguém que
atingiu um superior nível de entendimento e a plenitude da condição humana.
Foi aplicado, e ainda o é, a várias pessoas excepcionais que atingiram um tal
grau de elevação moral e espiritual que se transformaram em mestres de sabedoria
no oriente, onde, em muitos países, se seguem os preceitos budistas. Porém
o mais fulgurante dos budas, e também o real fundador do budismo, foi um ser
de personalidade excepcional, chamado Sidarta Gautama.
Siddharta Gautama, o Buddha, nasceu no século VI a. C. (em torno de 556 a.
C.), em Kapilavastu, norte da Índia, no atual Nepal. Ele era de linhagem nobre,
filho do rei Suddhodana e da rainha Maya. Logo depois de nascido, Sidarta foi
levado a um templo para ser apresentado aos sacerdotes, quando um velho
sábio, chamado Ansita, que havia se retirado à uma vida de meditação longe
da cidade, aparece, toma o menino nas mãos e profetiza: "este menino será grande
entre os grandes. Será um poderoso rei ou um um mestre espiritual que ajudará a
humanidade a se libertar de seus sofrimentos". Suddhodana, muito impressionado
com a profecia, decide que seu filho deve seguir a primeira opção e, para evitar
qualquer coisa que lhe pudesse influenciar contrariamente, passa a criar o
filho longe de tudo o que lhe pudesse despertar qualquer interesse filosófico
e espiritual mais aprofundado e, principalmente, mantendo-o longe das misérias
e sofrimentos da vida que se abatem sobre o comum dos mortais. Para isso, seu
pai faz com que viva cercado do mais sofisticado luxo.
Aos dezesseis anos, Sidarta casa-se com sua prima, a bela Yasodhara, que lhe
deu seu único filho, Rahula, e passa a vida na corte, desenvolvendo-se intelectual
e fisicamente, alheio ao convívio e dos problemas da população de seu país.
Mas o jovem príncipe era perspicaz, e sempre ouvia os comentários que se faziam
sobre a dura vida fora dos portões do palácio. Chegou a um ponto em que ele
passou a desconfiar do porquê de seu estilo de vida, e sua curiosidade ansiava
por descobrir o motivo das referências ao mundo de fora que pareciam ser, às
vezes, carregadas de tristeza. Contrariamente à vontade paterna - que tenta
forjar um meio de Sidarta não perceber diferença alguma entre seu mundo protegido
e o mundo externo -, o jovem príncipe, ao atravessar a cidade, se detém diante
ante a realidade da velhice, da doença e da morte. Sidarta entra em choque
e profunda crise existencial. De repente, toda a sua vida parecia ser uma pintura
tênue e mentirosa sobre um abismo terrível de dor, sofrimento e perda a que
nem mesmo ele estava imune. Sua própria dor o fez voltar-se para o problema
do sofrimento humano, cuja solução tornou-se o centro de sua busca espiritual.
Ele viu que sua forma de vida atual nunca poderia lhe dar uma resposta ao problema
do sofrimento humano, pois era algo artificialmente arranjado. Assim, decidiu,
aos vinte e nove anos, deixar sua família e seu palácio para buscar a solução
para o que lhe afligia: o sofrimento humano.
Sidarta, certa vez, em um dos seus passeios onde acabara de conhecer os sofrimentos
inevitáveis do homem, encontrara-se com um monge mendicante. Ele havia observado
que o monge, mesmo vivendo miseravelmente, possuía um olhar sereno, como de
quem estava tranqüilo diante dos revezes da vida. Assim, quando decidiu ir
em busca de sua iluminação, Gautama resolveu se juntar a um grupo de brâmanes
dedicados a uma severa vida ascética. Logo, porém, estes exercícios mortificadores
do corpo demonstraram ser algo inútil. A corda de um instrumento musical não
pode ser retesada demais, pois assim ela rompe, e nem pode ser frouxa demais,
pois assim ela não toca. Não era mortificando o corpo, retesando ao extremo
os limites do organismo, que o homem chega à compreensão da vida. Nem é entregando-se
aos prazeres excessivamente que chegará a tal. Foi ai que Sidarta chegou ao
seu conceito de O Caminho do Meio : buscar uma forma de vida disciplinada o
suficiente para não chegar à completa indulgência dos sentidos, pois assim
a pessoa passa a ser dominada excessivamente por preocupações menores , e nem à auto
tortura, que turva a consciência e afasta a pessoa do convívio dos seus semelhantes.
A vida de provações não valia mais que a vida de prazeres que havia levado
anteriormente. Ele resolve, então, renunciar ao ascetismo e volta a se alimentar
de forma equilibrada. Seus companheiros, então, o abandonam escandalizados.
Sozinho novamente, Sidarta procura seguir seu próprio caminho, confiando apenas
na própria intuição e procurando se conhecer a si mesmo. Ele procurava sentir
as coisas, evitando tecer qualquer conceitualização intelectual excessiva sobre
o mundo que o cercava. Ele passa a atrair, então, pessoas que se lhe acercam
devido a pureza de sua alma e tranqüilidade de espírito, que rompiam drasticamente
com a vaidosa e estúpida divisão da sociedade em castas rígidas que separavam
incondicionalmente as pessoas a partir do nascimento, como hoje as classes
sociais e dividem estupidamente a partir da desigual divisão de renda e, ainda
mais, de berço.
Diz a lenda - e lendas, assim como mitos e parábolas, resumem poética e figuradamente
verdades espirituais e existenciais - que Sidarta resolve meditar sob a proteção
de uma figueira, a Árvore Bodhi. Lá o demônio, que representa simbolicamente
o mundo terreno das aparências sempre mutáveis que Gautama se esforçava por
superar, tenta enredá-lo em dúvidas sobre o sucesso de sua tentativa de se
por numa vida diferente da de seus semelhantes, ou seja, vem a dúvida sobre
o sentido disso tudo que ele fazia. Sidarta logo se sai dessa tentativa de
confundi-lo com a argumentação interna de que sua vida ganhou um novo sentido
e novos referenciais com sua escolha, que o faziam centrar-se no aqui e agora
sem se apegar a desejos que lhe causaria ansiedade. Ele tinha tudo de que precisava,
como as aves do céu tinham da natureza seu sustento, e toda a beleza do mundo
para sua companhia. Mas Mara, o demônio, não se deu por vencido, e, ciente
do perigo que aquele sujeito representava para ele, tenta convencer Sidarta
a entrar logo no Nirvana - estado de consciência além dos opostos do mundo
físico - imediatamente para evitar que seus insights sobre a vida sejam passados
adiante. Aí é possível que Buda tenha realmente pensado duas vezes, pois ele
sabia o quanto era difícil as pessoas abandonarem seus preconceitos e apegos
a um mundo resumido, por elas mesmas, a experiências sensoriais. Tratava-se
de uma escolha difícil para Sidarta: o usufruto de um domínio pessoal de um
conhecimento transcendente, impossível de expor facilmente em palavras, e uma
dedicação ao bem estar geral, entre a salvação pessoal e uma árdua tentativa
de partilhar o conhecimento de uma consciência mais elevada com todos os homens
e mulheres. Por fim, Sidarta compreendeu que todas as pessoas eram seus irmãos
e irmãs, e que estavam enredados demais em ilusórias certezas para que conseguissem,
sozinhos, uma orientação para onde deviam ir. Assim, Sidarta, o Buda, resolve
passar adiante seus conhecimentos.
Quando todo o seu poder argumentativo e lógico de persuasão falham, Mara, o
mundo das aparências, resolve mandar a Sidarta suas três sedutoras filhas:
Desejo, Prazer e Cobiça, que apresentam-se como mulheres cheias de ardor e ávidas
de dar e receber prazer, e se mostram como mulheres em diferentes idades (passado,
presente e futuro). Mas Sidarta sente que atingiu um estágio em que estas coisas
se apresentam como ilusórias e passageiras demais, não sendo comparáveis ao
estado de consciência mais calma e de sublime beleza que havia alcançado. Buda
vence todas as tentativas de Mara, e este se recolhe, à espreita de um momento
mais oportuno para tentar derrotar o Buda, perseguindo-o durante toda a sua
vida como uma sombra, um símbolo do extremo do mundo dos prazeres.
Sidarta transformou-se no Buda em virtude de uma profunda transformação interna,
psicológica e espiritual, que alterou toda a sua perspectiva de vida. "Seu
modo de encarar a questão da doença, velhice e morte mudo porque ele mudou" (Fadiman & Frager,
1986).
Tendo atingido sua iluminação, Buda passa a ensinar o Dharma, isto é, o caminho
que conduz à maturação cognitiva que conduz à libertação de boa parte do sofrimento
terrestre. Eis que o número de discípulos aumenta cada vez mais, entre eles,
seu filho e sua esposa. Os quarenta anos que se seguiram são marcadas pelas
intermináveis peregrinações, sua e de seus discípulos, através das diversas
regiões da Índia.
Quando completa oitenta anos, Buda sente seu fim terreno se aproximando. Deixa
instruções precisas sobre a atitude de seus discípulos a partir de então:
"Por que deveria deixar instruções concernentes à comunidade? Nada mais
resta senão praticar, meditar e propagar a Verdade por piedade do mundo, e para
maior bem dos homens e dos deuses. Os mendicantes não devem contar com qualquer
apóio exterior, devem tomar o Eu - self - por seguro refúgio, a Lei Eterna como
refúgio... e é por isso que vos deixo, parto, tendo encontrado refúgio no Eu".
Buda morreu em Kusinara, no bosque de Mallas, Índia. Sete dias depois seu corpo
foi cremado e suas cinzas dadas as pessoas cujas terras ele vivera e morrera.
Principais Pontos da Doutrina de Buda
Temporalidade
. A única constante universal é a mudança. Nada do que é físico dura para sempre;
tudo está em fluxo em determinado momento. Isto também se aplica a pensamentos
e idéias que não deixam de ser influenciados pelo mundo físico. Isto implica
que não pode haver uma autoridade suprema ou uma verdade permanente pois nossa
percepção muda de acordo com os tempos e grau de desenvolvimento filosófico
e moral. O que existem são níveis de compreensão mais adequados para cada tempo
e lugar. Uma vez que as condições e as aspirações, bem como os paradigmas,
mudam, o que parece ser toda a verdade numa época é visto como imperfeita tentativa
de se aproximar de algo noutra época. Nada, nem mesmo Buda, pode tornar-se
fixo. Buda é mudança.
Desprendimento
. Já que tudo o que parece existir de fato apenas flui, como nuvens, também é verdade
que tudo o que é composto também se dissolve. A pessoa deve viver no mundo,
utilizar-se do mundo, mas não deve se apegar ao mundo. Dever ser alguém que
saiba utilizar-se do instrumento sem se identificar com o instrumento. Deve
também ter a consciência de que seu próprio ego também se transforma com o
tempo. Somente o self, o Atman imortal permanece, mesmo assim se desenvolvendo
eternamente através das reencarnações e através dos mundos.
Insatisfação ou sofrimento
. O problema básico da existência é o sofrimento, que não é um atributo de
algo externo, mas sim numa percepção limitada que advém da adoção de uma visão
de mundo defeituosa adotada pelas pessoas. Como disse Jesus: "apenas quem
se faz como uma criança pode entrar no reino dos céus", pois as crianças
não se prendem ao passado nem se preocupam com um futuro. Elas vivem o presente
e são autênticas com o que sentem, até o dia em que a cultura as fazem comer
do "fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal", enchendo-as
de preconceitos e ansiedades que as expulsam do paraíso. Os ensinamentos budistas
- e de todos os grandes Mestres da humanidade - são caminhos propostos para
nos ajudar a transcender nosso senso comum egoísta para se atingir um senso
de relativa satisfação conosco e com o mundo. Se o sofrimento é fruto da percepção
individual, algo pode ser feito para amadurecer esta percepção, através do
auto conhecimento
"Projetistas fazem canais, arqueiros preparam flechas, artífices modelam
a madeira e o barro, o homem sábio modela-se a si mesmo".
As Quatro Nobres Verdades
I - Dado o estado psicológico do homem comum, voltando seu desenvolvimento
para o mundo externo de modo agressivo, a insatisfação que gera o sofrimento é quase
inevitável.
II - A insatisfação é o
resultado de anseios ou desejos que não podem ser plenamente
realizados, e estão atrelados à sede de poder. A maioria das
pessoas é incapaz de aceitar o mundo como é porque é levada pelos
vínculos com o desejo narcíseo do sempre agradável e com sentimentos
de aversão pelo negativo e doloroso. O anseio sempre cria uma
estrutura mental instável, no qual o presente, única realidade
fenomênica, nunca é satisfatório. Se os desejos não são satisfeitos,
a pessoa tende a lutar para mudar o presente ou agarra-se a um
tempo passado; se são satisfeitos, a pessoa tem medo da mudança,
o que acarreta novas frustrações e insatisfações. Como tudo se
transforma e passa, o desfrutar de uma realização tem a contrapartida
de que sabemos que não será eterno. Quanto mais intenso for o
desejo, mais intensa será a insatisfação ao saber que tal realização
não irá durar.
III - O controle dos
desejos leva à extinção do sofrimento. Controlar o desejo não
significa extinguir todos os desejos, mas sim não estar amarrado
ou controlado por eles, nem condicionar ou acreditar que a felicidade
está atrelada a satisfação de determinados desejos. OS DESEJOS
SÃO NORMAIS E NECESSÁRIOS até certo ponto, pois eles têm a função
primária de preservar a vida orgânica. Mas se todos os desejos
e necessidades são imediatamente satisfeitas, é provável que
passemos a um estado passivo e alienado de complacência. A aceitação
refere-se a uma atitude calma de desfrute dos desejos realizados
sem nos perturbarmos seriamente com os inevitáveis períodos de
insatisfação.
IV - Há uma forma de
se eliminar o sofrimento: O Nobre Caminho Óctuplo, exemplificado
pelo Caminho do Meio. A maioria das pessoas busca o mais alto
grau de de satisfação dos sentidos,
e nunca se dão por satisfeitas. Outros, ao contrário, percebem
as limitações desta abordagem e tendem ir ao outro prejudicial
extremo: a mortificação. O ideal budista é o da moderação.
O Caminho Óctuplo consiste no discurso, ação, modo de vida, esforço, cautela,
concentração, pensamento e compreensão adequados. Todas as ações, pensamentos,
etc, tendem a ser forças que, expressando-se, podem magoar as pessoas e a ferir
e limitar a nós mesmo. O caminho do meio segue a máxima de ouro de Jesus Cristo: "Ama
o próximo como a ti mesmo".
A Psicologia Budista
O físico Fritjof Capra, em seu livro O Tao da Física, nos fala que o budismo ao
contrário do hinduísmo que lhe serviu de preparação e que possui um forte colorido
mitológico e ritualístico - tem um caráter e um "sabor" eminentemente
psicológicos. Segundo Capra, "Buda não estava interessado em satisfazer
a curiosidade humana acerca da origem do mundo, da natureza do Divino ou questões
desse gênero. Ele estava preocupado exclusivamente com a situação humana, com
o sofrimento e frustrações dos seres humanos. Sua doutrina, portanto, não era
metafísica; era uma psicoterapia. Buda indicava a origem das frustrações humanas
e a forma de superá-las. Para isso, empregou os conceitos indianos tradicionais
de maya, karma, nirvana,etc., atribuindo-lhes uma interpretação psicológica
renovada, dinâmica e diretamente pertinente." (Capra, 1986, p. 77). Ele
havia dedicado-se a um aspecto da evolução humana: a auto-compreensão
para por fim ao sofrimento humano, e só a este aspecto se dedicara.
A questão da causalidade em Buda, assim como em Freud, na psicologia ocidental, é um
dos elementos principais de seus ensinamentos. Esta é chamada de karma, que
significa ação, e representa a lei universal de causa e efeito em que o resultado
de uma ação mais cedo ou mais tarde acaba por retornar a quem a praticou. Jesus
certamente se refere à mesma lei universal quando fala: "Colherás aquilo
que semeares". De acordo com o budismo, qualquer situação em que possamos
nos encontrar em dado momento é a resultante de toda a nossa história pregressa,
em cuja corrente histórica nos lançamos até atingir o estado atual; isto quer
dizer que dispomos constantemente da oportunidade de aprender as lições para
enriquecer nosso crescimento e evolução espiritual. Corretamente entendida,
a doutrina do karma não é, como supõem alguns, uma forma de evitar uma ação
responsável, nem uma desculpa para a aceitação das coisas tais como estão,
mas um incentivo para aproveitar o presente da forma mais criativa e positiva
possível; toda experiência vivêncial se converte
em um empurrão para diante na nossa jornada para a compreensão de nós mesmos.
"O que hoje somos deve-se aos nossos pensamentos de ontem que condicionaram
nosso comportamento, e são os nossos atuais pensamentos que constroem a nossa
vida de amanhã; a nossa vida é a criação de nossa mente. Se um homem fala ou
atua com a mente impura, o sofrimento lhe seguirá da mesma forma que a roda do
carro segue ao animal que o arrasta". (Buda)
Comparemos este pensamento acima, do Buda, com este de Jesus:
"O olho, o modo como vemos, interpretamos a realidade é a
lâmpada do corpo. Se teu olho é bom, todo o teu corpo se encherá de luz. Mas
se ele é mau, todo teu corpo se encherá de escuridão. Se a luz que há em ti
está apagada, imensa é a escuridão".
Nada existe que não esteja relacionado com a sua própria causa. Carma é uma
lei natural, existente em todo parte. A semente que cai no solo fértil e germina
está obedecendo ao carma. O som que é produzido pela vibração de ar no interior
da flauta é fruto de um carma físico. A complexa organização e beleza da vida é algo
que demonstra uma sutil inter-relação entre todos os fenômenos naturais e mentais.
Daí os budistas desenvolverem uma visão de mundo como uma infinita "Teia
de Rubis", em que todos os brilhantes e todas as gemas preciosas, por
menores que sejam, refletem todas as demais: uma analogia surpreendentemente
do pensamento holístico atualmente muito em voga, e aceitável plenamente à luz
das mais recentes descobertas da física quântica.
Buda e Jesus
Desde o século passado que estudiosos apontam as surpreendentes semelhanças
entre os ensinamentos de Buda e Jesus. É como se Deus tivesse posto duas vertentes
de uma mesma fonte adequadamente apropriadas para o mundo Ocidental e Oriental.
Vejas alguns exemplos:
Buda: É mais fácil ver os erros dos outros que os próprios; é muito
difícil enxergar os próprios defeitos. Espalham-se os defeitos dos outros como
palha ao vento, mas escondem-se os próprios erros como um jogador trapaceiro"
Jesus: Por que olhas o cisco no olho de teu irmão e não vês
a trave no teu? Como ousas dizer a teu irmão: 'Deixa-me tirar o cisco de teu
olho, pois sei corrigir teu erro de visão'? Hipócrita, tira primeiro o engano
de tua visão, e só então poderás tirar o cisco de teu companheiro".
Buda: "Não importa o que um homem faça, se seus atos
servem à virtude ou ao vício, tudo é importante. Toda ação acarreta frutos"
Jesus: "Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore
má dar bons frutos. Porventura colhem-se figos de
espinheiros ou ervas de urtigas? Toda árvore se conhece pelos frutos".
Buda: A pessoa má fala com falsidade, acorrentando os pensamentos às
palavras. Aquele que fala mal e rejeita o que é verdadeiramente justo não é sábio".
Jesus: O homem bom tira coisas boas do tesouro do coração,
e o mau retira coisas más, pois a boca fala do que está cheio o coração".
Buda: Assim como a chuva penetra numa casa mal coberta, também
a paixão invade uma mente dispersa. Assim como a chuva não penetra numa casa
bem coberta, igualmente a paixão não invade uma mente bem formada".
Jesus: Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em
prática é como um homem que construiu uma casa sobre a rocha. Caiu a chuva,
uma torrente se abateu sobre a casa, mas ela não caiu, pois estava fundada
sobre a rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras mas não as pratica é semelhante
a um homem que construiu sua casa na areia. Veio a chuva, a torrente se abateu
sobre ela, e ela desabou. E foi grande a sua ruína".
Muitas outras analogias ainda mais ricas seriam possíveis. Remeto o leitor
ao livro "O Buda Jesus" para um estudo mais aprofundado.
Bibliografia Sugerida
O Pensamento Vivo de Buda, Editora Martin Claret, São Paulo, 1985.
Fadiman, James & Frager, Robert. Teorias da Personalidade, Editora Harbra,
São Paulo, 1986.
Hall & Lindzey. Teorias da Personalidade, Vol. II, Ed. E.P.U. São Paulo,
1993.
Shearer, A. Buda, Ed. Del Prado, Madrid/Rio de Janeiro, 1997.
Ikeda, Daisaku. O Buda VivoEd. Record, Rio de Janeiro, 1989.
Jung, Carl Gustav. O Homem e Seus Símbolos, Editora Nova Fronteira, Rio de
Janeiro, 1991.
Jung, Carl Gustav. Psicologia da Religião Ocidental e Oriental, Editora Vozes,
Petrópolis, 1990.
Kersten, Holger & Gruber, Elmar R. O Buda Jesus, Editora Best Seller, São
Paulo, 1996.
Silva, George & Homenko, Rita. Budismo - Psicologia do auto conhecimento.
Ed. Pensamento, s/d.
Capra, Fritjof. O Tao da Física, Ed. Cultrix, São Paulo, 1986.
Hesse, Hermann Sidarta, Ed. Record, Rio de Janeiro, 1988.
Associação
Pak Shao Lin de Kung Fu
www.pakshaolin.org |