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I Ching

Sobre o I Ching por Constantino K. Riemma

O I Ching, ou Livro das Transmutações, é um texto de sabedoria incomparável. De origem chinesa, ele integra o restrito grupo de livros que constituem o mais elevado nível do patrimônio espiritual da humanidade. Mas esse Livro tem um diferencial notável: é utilizado, desde a Antigüidade, como oráculo e orientação para os mais variados assuntos que desafiam o cotidiano dos homens.

O I Ching nos ajuda a esclarecer até as menores questões práticas, porém, sua função mais nobre - como fonte inesgotável de ensinamentos - é a de nos despertar e guiar na busca do conhecimento superior. Seu nome, Livro das Transmutações ou das Mutações, ou ainda das Transformações, já indica que seu conteúdo contém as leis fundamentais dos movimentos cósmicos, nos quais se incluem a vida e o destino dos homens.

O I Ching é também portador do segredo da longevidade. Seus símbolos básicos, tirados da própria natureza - céu e terra, fogo e água, lago e vento, montanha e trovão - são facilmente transmitidos através das gerações e tornam-se mais compreensíveis quando traduzidos para outras línguas.

O Livro está constituído essencialmente de 64 conjuntos de símbolos, que revelam detalhadamente as 64 etapas dos ciclos universais, tais como os santos sábios observaram no céu e na terra. Traduzidos genericamente por hexagramas, cada um desses conjuntos ou seções contém os seguintes elementos:

· o ideograma, isto é, a escrita do nome chinês, por si só repleto de significados simbólicos. O exemplo ao lado é Tai, o nome do Hexagrama 11, que se traduz por Paz.

· o hexagrama propriamente dito, que é a representação abstrata, geométrica, de cada estágio de transmutação. Recebeu esse nome, nas línguas européias, por ser constituído de 6 linhas. Ao lado o Hexagrama 37 - A Família.

o texto, também chamado julgamento ou oráculo, que revela em linguagem simbólica o significado do hexagrama. Cada julgamento vem acompanhado de comentários e interpretações que ajudam a traduzir o ensinamento do texto.

· a imagem ou símbolo, que consiste em um modelo de conduta, um verdadeiro conselho estratégico, para lidar com a situação indicada pelo hexagrama.

· o texto das linhas, em número de seis, que indicam as alternativas de transformação das condições retratadas no hexagrama.

Nota sobre o Nome:
I Ching é a grafia corrente no Brasil. Aparece também Yi King em algumas transliterações francesas e inglesas. No entanto, a melhor grafia seria Yìjïng, segundo a transcrição oficial chinesa, denominada Pinyin, que é utilizada atualmente pela ONU, UNESCO e demais organismos internacionais.


A História do Livro

O I Ching é considerado o mais antigo livro da China. Sua origem, ou pelo menos a de seus oito símbolos fundamentais, denominados trigramas, é atribuída a Fu Xi, que teria vivido por volta de 5500 anos antes de Cristo, para alguns, ou 2850 a.C., para outros. É pela combinação dos 8 trigramas que se formam os 64 hexagramas, portadores do corpo de ensinamentos do Livro.
Fu Xi, esse lendário imperador, também é representado como um deus-montanha. A fonte inspiradora do Livro remonta à Era de Ouro da humanidade, durante a qual se diz que os guias e instrutores bebiam direto da fonte da consciência.

O segundo personagem ligado ao I Ching é o Rei Wen, fundador da Dinastia Chou (1121-256 a.C.), a quem se atribui a autoria dos 64 Julgamentos, ou seja, os textos que explicam os hexagramas. Decorridos 4400 anos desde os tempos de Fu Xi, e estando mais afastados da fonte, mesmo os buscadores do conhecimento tinham necessidade de maiores ajudas e orientações para compreender os símbolos primordiais que começavam a parecer herméticos.

Ao Duque Chou, filho do Rei Wen, são atribuídos os textos das 6 linhas de cada um dos 64 hexagramas, num total de 384 "Julgamentos das linhas". Com ele completaram-se os textos tradicionais do Livro, que hoje contam mais de 3000 anos.

Finalmente, coube a Confúcio (551-479 a.C.) dar ao I Ching a feição que conhecemos modernamente. Seus comentários, registrados em 7 obras, boa parte das quais agregadas ao corpo do próprio Livro, facilitam a aproximação aos ensinamentos esotéricos dessa corrente de transmissão espiritual .

O contato do mundo ocidental com o I Ching se estabelece a partir do final do século XVII, através dos relatos dos jesuítas que residiam na corte de Pequim. A primeira tradução completa do livro para o latim, feita pelo Padre Regis, surgiria apenas em 1834. No final do século XIX outras duas versões, de Legge e Filastro, ampliam a divulgação do livro na Europa.

Atualmente, a mais respeitada versão ocidental do I Ching é a feita por Richard Wilhelm, um pastor protestante que viveu muitos anos na China. Feita de início para o alemão, foi a seguir traduzida para praticamente todas as línguas ocidentais. As principais publicações disponíveis em português são apresentadas na Bibliografia.

É um acontecimento extraordinário que religiosos católicos e protestantes tenham reconhecido a profundidade dos ensinamentos do I Ching e enfrentado todas as dificuldades que trazem a tradução de um clássico chinês. Trata-se de mais uma evidência do poder incomparável desse legado para a humanidade, que encontrou uma linguagem a tal ponto universal, que não levanta reações de natureza religiosa nem obstáculos culturais intransponíveis para tocar a alma de todos os seres que buscam qualidade.

Os Hexagramas

Hexagrama é o nome dado, nas versões ocidentais, a cada um dos 64 símbolos que constituem o I Ching. É um símbolo abstrato, mas que com o tempo vai se tornando compreensível. O hexagrama é formado por seis linhas superpostas, contadas de baixo para cima, que podem ser inteiras () ou partidas ().

Essa combinação de linhas inteiras e partidas tem uma característica notável: constitui talvez a mais antiga estrutura simbólica a utilizar o sistema binário, que, modernamente, é aplicada na linguagem dos computadores. A linha inteira, ou cheia, , representaria o algarismo 1, a passagem da corrente, o sim, o positivo, enquanto que a linha interrompida, ou quebrada, , representaria o algarismo 0, a interrupção da corrente, o não, o negativo.

O número máximo de combinações possíveis dos dois tipos de linhas em seis posições é 64.

Na verdade, quando se estudam os 64 hexagramas não se parte da simples combinação dos dois tipos de linha, mas sim de um arranjo ternário, denominado trigrama por ter três linhas. É a partir desses símbolos básicos, oito no total, que se constroem os hexagramas (8 x 8 = 64)


As linhas

Nos trigramas e hexagramas do I Ching, as linhas inteiras, , simbolizam as qualidades do chamado princípio yang, ou seja, ativo, positivo, céu, homem, luminoso, quente, firme. As linhas interrompidas, , simbolizam o princípio yin, cujos atributos são: receptivo, negativo, terra, mulher, sombrio, frio, maleável.

Tal como aparece descrito no Gênesis da tradição judaico-cristã, a criação se faz por um processo de polarização, ou seja, de uma particular separação das energias adormecidas sem forma no Caos primordial. E toda manifestação se processa mediante a dança ou luta infindável entre as duas polaridades - yang e yin, positiva e negativa, masculina e feminina, diurna e noturna, e assim por diante.

Esse jogo de forças está representado no conhecido símbolo chinês do Tai Chi, no qual a parte branca simboliza a força criativa, masculina, ativa, yang, e a parte negra a força receptiva, feminina, negativa, yin. Os dois pequenos círculos de cor oposta, na porção mais larga de cada metade, revela que a intensificação máxima de um pólo já traz o germe da forma oposta complementar. Nada permanece estático no mundo da manifestação. Quando uma qualidade se intensifica, ela tende a se transformar (ou se mover) em direção à qualidade oposta, gerando a eterna dança das polaridades.

Tal situação de intensidade que gera a mutação para a qualidade oposta é representada, no caso do I Ching, pelas linhas móveis ou linhas em mutação. Estas podem ser tanto yin quanto yang. Uma linha yang móvel é representada por , e uma linha yin móvel por .

As duas forças primordiais do universo - o yang e o yin - estão sempre presentes, em proporções variáveis, em todas as coisas existentes. Qualquer fenômeno ou acontecimento contém essa polaridade fundamental, que vai se modificando no tempo e no espaço. A própria vida resulta do jogo dessas forças em permanente processo de transformação.

Os santos sábios que promoveram as civilizações humanas compreenderam as leis da transmutação que atuam igualmente no céu, na terra e no homem. É por isso que eles podiam prever os acontecimentos e agir de modo adequado, no momento oportuno. Eles são exemplos e modelos para o nosso esforço evolutivo.


Os Trigramas

Os oito trigramas - os símbolos formados por três linhas - são os componentes básicos dos hexagramas. É a partir de seus atributos que se deduzem o sentido e os diferentes significados de cada um dos 64 hexagramas.

Os trigramas não são considerados apenas para traduzir o conteúdo dos hexagramas. Os mestres chineses são hábeis para compreender os ciclos e deduzir seus aconselhamentos a partir de diferentes distribuições circulares dos oito trigramas.

Nomes e alguns exemplos de atributos de cada trigrama

Céu. Criador, forte. É espacial, invisível e ilimitado.
Representa o pai. Parte do corpo: cabeça. Símbolo animal: cavalo. span>

Terra. Receptivo, maleável, dedicado. É formal, visível e limitado.
Representa a mãe. Parte do corpo: ventre. Animal: vaca. span>

Montanha. Quietude. É o concreto, o sólido e acumulação sólida.
Representa o filho mais novo. Parte do corpo: mão. Animal: cão. span>

Lago. Alegria, jovialidade. É a incógnita, a acumulação líquida.
Representa a filha mais nova. Parte do corpo: boca. Animal: carneiro. span>

Trovão. O que desperta e movimenta. Desperta o mundo interior.
Representa o filho mais velho. Parte do corpo: pé. Animal: dragão.

Vento. Madeira, suave, penetrante. Desperta o movimento exterior.
Representa a filha mais velha. Parte do corpo: coxa. Animal: galo.

Fogo. Sol. Luminoso, aderente. É o impulso ascendente.
Representa a filha do meio. Parte do corpo: olho. Animal: faisão.

Água. Nuvens, abismo, perigo. É o impulso descendente.
Representa o filho do meio. Parte do corpo: ouvido. Animal: porco.


Formulação das perguntas

O I Ching é a representação viva e generosa do Velho Sábio, ao qual podemos recorrer sempre que necessitarmos. Não cabe diante dele qualquer sentimento de apreensão ou de respeito exagerado, que acabariam nos afastando e nos privando de sua boa influência. Para esse mestre compassivo e justo, qualquer interrogação, mesmo a de aparência mais banal, terá boa acolhida se for sincera.

Embora seja uma grande fonte de ensinamentos e de conselhos estratégicos, o I Ching é principalmente utilizado por sua função oracular.

Como a linguagem do livro é simbólica, suas respostas às nossas perguntas deverão ser interpretadas em função do assunto que estamos tratando. Muitos iniciantes sentem dificuldade para entender a reposta porque viciam a consulta com perguntas tipo "sim ou não". Na verdade, na maior parte das vezes a resposta do oráculo consiste mais em orientar o consulente para chegar a um bom resultado, e não simplesmente em responder com um sim ou não. Uma pessoa, por exemplo, pode estar doente e, nesse caso, a resposta mais útil para uma pergunta sobre saúde será a orientação para encontrar a cura e não apenas para confirmar, com um sim ou não, que de fato ela se encontra doente, o que provavelmente ela já deve estar sabendo.

A postura mais eficaz para a consulta, portanto, é a de expor a questão da maneira mais clara possível e pedir uma orientação ou prognóstico, de acordo com o que for mais importante naquele determinado momento.

O I Ching não exige ritos ou complicações. É preferível imaginá-lo como um bom e sábio avô que, sem formalidades, está antes de mais nada interessado em dar a melhor ajuda possível.

Não existe, porém, qualquer contra-indicação para rituais, se isso fizer bem ao consulente. Acender incenso, fazer orações ou meditação constituem para algumas pessoas recursos benéficos para abrir a receptividade. É bom lembrar, porém, que as forças de ajuda celeste estão sempre disponíveis. Elas não precisam ser seduzidas ou compradas. O que estabelece uma conexão verdadeira é o nosso desejo de compreender a situação.


As formas de sorteio

Para se obter do I Ching uma orientação específica, existem várias maneiras de sortear o hexagrama que responderá à nossa questão. Alguns recorrem ao modo direto e simples de abrir o Livro das Transmutações ao acaso, enquanto outros preferem um sistema mais elaborado, que exige o manuseio de 50 varetas.

A forma mais comum utiliza três moedas para o sorteio. Que moedas usar? Quaisquer que tivermos. Os chineses usam moedas chinesas porque são para eles as que se encontram à mão. No Brasil, o simples e óbvio será utilizar as nossas moedas. Muitas pessoas, porém, se confundem e deixam de consultar o livro porque não têm moedas chinesas. Não devemos cair nesse equívoco. Se o mais importante, o texto, já é uma versão brasileira, por que não as moedas?

Para sortear as respostas do I Ching, no entanto, faz sentido para muitas pessoas guardar moedas exclusivas para isso, ou usar moedas que tenham alguma história pessoal, porque podem ajudar a estabelecer um vínculo. Mas a criatividade poderá dar outras soluções, como a utilização de medalhas ou moedas antigas.

Todas as possibilidades de sorteio funcionam bem. O I Ching, tal como os textos sagrados, está acima das formalidades.

O sorteio é simples: lançamos as três moedas 6 vezes, uma vez para cada linha. As linhas sorteadas são yin ou yang, dependendo das combinações de cara e coroa das moedas.

O sorteio com moedas

Explicar por escrito é sempre mais complicado que demonstrar. Com um pouco de paciência, porém, seguindo passo a passo as instruções, logo se aprende.

Como o hexagrama tem seis linhas, é preciso lançar seis vezes as três moedas escolhidas para o sorteio.

Em primeiro lugar precisamos convencionar com clareza qual é a cara e qual é a coroa das moedas, ou seja, qual é a face yang e qual a yin. Como sugestão, vamos considerar que a face na qual está cunhado o valor da moeda, a cara, é o lado yin. A face com o brasão ou qualquer outro elemento decorativo, a coroa, é o lado yang.

Podemos também acolher a explicação de Blofeld, que considera a face com o valor inscrito como sendo yin (2), porque o yin é receptivo, isto é, "recebe e grava a cunhagem do valor", enquanto que a outra face, que em muitas moedas antigas era lisa, representa o yang (3).

O consulente, com as três moedas na mão, mantém em mente o assunto para o qual deseja obter orientação. A seguir, lança as três moedas ao mesmo tempo. A primeira jogada revela a linha inferior do hexagrama; a segunda jogada indica a segunda linha de baixo para cima e, assim por diante, até a sexta e última jogada, que indica a última linha superior.

Há quatro combinações possíveis de coroa-yang e cara-yin nos lançamentos das três moedas, e cada uma delas indica um tipo de linha, como pode ser visto na tabela que se segue:

Tabela das moedas

Na tabela, a cara da moeda está representada pelo valor 50, e a coroa pelo desenho. O lado com o valor inscrito é yin; o lado com o desenho é yang.

1 yin e 2 yang = linha yin, em repouso, valor 8

2 yin e 1 yang = linha yang, em repouso, valor 7

3 yin = linha yin móvel, valor 6

3 yang = linha yang móvel, valor 9

Cada linha também pode ser designada por um número específico, que se obtém pela soma dos valores atribuídos às faces yin e yang da moeda. O lado yin vale 2 e o lado yang vale 3.

Exemplo: se saírem duas moedas com a face yang e uma com a face yin, somaremos 3 + 3 + 2 = 8. Isso quer dizer que obtivemos uma linha 8, ou seja, uma linha yin em repouso, ou estática, .

Não precisamos nos preocupar inicialmente com esses valores. Eles estão sendo mencionados porque, nos livros, as linhas são indicadas; por exemplo: "9 na primeira posição", "6 na quarta posição" e assim por diante.

Exemplo de um sorteio

Para facilitar a compreensão, vamos imaginar um sorteio em que as moedas deram os seguintes resultados:

6ª linha:

3 yang

=

5ª linha:

2 yang, 1 yin

=

4ª linha:

2 yang, 1 yin

=

3ª linha:

1 yang, 2 yin

=

2ª linha:

1 yang, 2 yin

=

1ª linha:

2 yang, 1 yin

=

Esse hexagrama é formado pelos seguintes trigramas:

o trigrama Vento (as três linhas inferiores)

e o trigrama Montanha (as três linhas superiores).

Para encontrar no I Ching o texto correspondente a esse símbolo, basta procurar, na Tabela a seguir, o número do hexagrama sorteado, ou seja, o número de ordem em que se encontra no Livro.

Procure o trigrama inferior na coluna à esquerda (o 6º de cima para baixo, no exemplo), e o trigrama superior na fila de cima da Tabela (o 4º da esquerda para a direita, no exemplo); no cruzamento da coluna com a linha está o número do hexagrama procurado (no nosso caso, o 18).

Tabela dos hexagramas

Superior W
Rs Inferior

1

34

5

26

11

9

14

43

25

51

3

27

24

42

21

17

6

40

29

4

7

59

64

47

33

62

39

52

15

53

56

31

12

16

8

23

2

20

35

45

44

32

48

18

46

57

50

28

13

55

63

22

36

37

30

49

10

54

60

41

19

61

38

58


A leitura

Caso não ocorram linhas móveis durante o sorteio, os textos do hexagrama obtido (Julgamento, Comentários e Imagem) contêm todos os elementos para orientar a questão formulada.

No caso de saírem linhas móveis, deve ser traçado um segundo hexagrama resultante da mutação destas linhas. A linha yang móvel, , transforma-se numa yin em repouso, , e a linha yin móvel, , numa yang em repouso, .

Em nosso exemplo, só a sexta linha é móvel, fazendo com que o hexagrama 18 dê origem ao 46.

Quando existem linhas móveis, além da leitura do Julgamento e Imagem do hexagrama inicial, devemos ler também os textos referentes a essas linhas móveis (que no nosso exemplo seria a sexta linha do hexagrama 18) e, a seguir, completar com a leitura do Julgamento, Comentários e Imagem do hexagrama final (46, no exemplo). Deste último, por ser a conclusão e não ter mais linhas móveis, não precisaremos ler os textos referentes às linhas.

O conjunto desses textos representa a resposta do I Ching ao consulente.


A Interpretação

Quanto mais utilizamos o I Ching, para nós próprios ou ajudando outras pessoas, tanto mais rápido compreendemos as respostas e confiamos nelas. A convivência é a via mais eficaz para a aprendizagem e serve para demonstrar na prática o poder magnífico do Livro.

Uma dúvida muito comum entre os iniciantes, quando interessados em previsões, refere-se ao tempo em que ocorrerão os prognósticos dados pelo Livro. De um modo geral, podemos considerar que existe uma seqüência temporal que começa com o hexagrama inicial, passa pelas linhas móveis e conclui com o hexagrama final.

Com um pouco de prática, e à medida que deixamos bem clara a pergunta para nós próprios, aprendemos a identificar qual passagem dos textos se refere ao nosso presente. Não existe uma regra fixa para isso: às vezes, o presente é retratado pelo hexagrama inicial, enquanto que o futuro fica indicado pelas linhas móveis e pelo hexagrama final. Outras vezes, no entanto, poderemos reconhecer que o hexagrama inicial e as linhas falam dos antecedentes de nossa questão e que o hexagrama final retrata o presente ou o futuro imediato.


Bibliografia

1. Richard Wilhelm. I Ching, o Livro das Mutações. Ed. Pensamento.
    É considerada a melhor versão do texto chinês, feita originalmente para o alemão. Tem mais de 500 páginas; a parte essencial para consultas, no entanto, está entre as páginas 29 e 196, e apresenta todos os hexagramas.
    Livro indispensável para quem quiser conhecer a fundo a simbologia do I Ching.
    Para o iniciante, a dificuldade está em encontrar, no meio do livro, as instruções para sorteio.

2. John Blofeld. I Ching, o Livro das Transmutações. Ed. Record.
    Tradução simplificada, cujo valor principal está na introdução acessível e didática para utilização do livro. A apresentação da edição brasileira traz uma visão geral dos princípios yin-yang, que pode ser muito útil aos iniciantes.
    Tome cuidado com um ponto: a tabela de sorteio com moedas, na página 75, está incorreta.

3. Carol Anthony. O Guia do I Ching. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira.
    Um bom livro de estudo de cada hexagrama, que discute a compreensão dos significados práticos dos símbolos e imagens do texto traduzido por Wilhelm.

4. Wu Jyh Cheng. I Ching, a Alquimia dos Números. Editora Objetiva.
    Livro que estuda elementos simbólicos do I Ching sob vários ângulos, inclusive o numerológico. Seu autor, radicado no Rio Janeiro, traduziu material diretamente do chinês para o português e dá uma ótima contribuição para os estudos do Livro.
    Não está voltado para o iniciante que quer aprender a utilizar o I Ching como oráculo, mas é indispensável aos estudiosos brasileiros.

5. Richard Wilhelm. A Sabedoria do I Ching. Mutação e Permanência. Ed. Pensamento.
    Estudo do próprio tradutor do I Ching ao alemão, que trata dos princípios filosóficos do Livro.

6. James Legge. I Ching, o Livro das Mutações. Hemus, Livraria Editora
    Uma tradução clássica, que ajuda os estudiosos a encontrarem alternativas dos significados dos hexagramas. Sua leitura, entretanto, é muito confusa para os iniciantes.

7. Pe. Joaquim A. de Jesus Guerra. O Livro das Mutações (Yeg Keq). Macau, Jesuítas Portugueses, 1984.
    Apresenta a mesma dificuldade de leitura que a tradução de Legge, agravada pela edição mal cuidada. Pode ser muito útil, contudo, para o estudioso examinar outras possibilidades de compreensão do original chinês.
 

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